Matthew Lynn, Bloomberg News - O Estado de S.Paulo
Ofertas públicas iniciais. Grandes fusões. Nerds de 20 e poucos anos enriquecendo rapidamente. Parafraseando uma antiga canção de Prince, os mercados estão festejando como se fosse 1999 outra vez.
A bolha tecnológica voltou. O Facebook está na vanguarda de uma imensa valorização. Logo atrás estão Groupon, Twitter e LivingSocial.com. Até a Rovio Mobile, a pequena empresa finlandesa por trás do aplicativo Angry Birds, dá mostras de que em breve valerá uma fortuna.
O problema é que todos ainda se lembram de como a bolha estourou da última vez. Os investidores sabem que há muito dinheiro a ser ganho com a tecnologia. Sabem também que uma quantia proporcional pode ser perdida quando a bolha estourar.
Para manobrar de modo a evitar os percalços desse acidentado caminho, há algumas regras simples que podemos aprender com o último momento de grande prosperidade inspirada na tecnologia: não dar tanta importância aos modelos de negócios; continuarmos atentos ao surgimento de monopólios; apoiar os empreendedores mais gananciosos; e comprar depois que a euforia ceder. Se essas lições forem respeitadas, é possível que ainda ganhemos dinheiro com aquilo que resta da mais lucrativa indústria em todo o mundo.
Não há dúvida de que certa dose de entusiasmo e animação voltou aos mercados tecnológicos. Talvez eles ainda não tenham entrado na mania que envolveu o "boom" das indústrias ponto.com - mas estão chegando perto disso.
O Facebook tem seu valor de mercado avaliado em US$ 50 bilhões. O Groupon, site de promoções diárias criado em Chicago, realizou reuniões sobre a possibilidade de uma abertura de capital que estabeleceria seu valor na casa dos US$ 25 bilhões. O valor do Twitter foi estimado em US$ 3,7 bilhões no fim d2010, mas este montante pode já ser bem mais alto agora.
Entre os investidores cuja memória se estende a até uma década atrás ou mais, a simples combinação das expressões "tecnologia" e "oferta pública inicial" evoca a lembrança de valorizações que fugiram ao controle - arrastando consigo as fortunas de muita gente. Contrariando isto, empresas como Google, Amazon.com e Apple estão agora entre as maiores do mundo. A economia da internet não para de se expandir. Aqueles que investiram nas empresas certas na última vez ganharam muito dinheiro.
Assim, o truque está em apostar nos cavalos certos - e, para isso, é preciso aprender as lições da última bolha tecnológica para sobreviver a esta. Eis aqui quatro sugestões de pontos de partida.
Em primeiro lugar, não adianta se preocupar com os modelos de negócios. O Google não tinha modelo de negócios quando começou. Nem o Facebook. A publicidade surgiu depois. Ambos se concentraram em criar um produto excelente que atraísse um imenso público, e compreenderam que, enquanto eles conseguissem este efeito, o lucro surgiria naturalmente.
Segundo: atenção aos monopólios. A internet tem a tendência intrínseca de criar empresas com uma imensa fatia de mercado. Existe um motivo simples para isto: o efeito da rede. Todos nós usamos sistemas operacionais da Microsoft porque todos usam estes mesmos sistemas. Da mesma forma, acessamos o Facebook porque é lá que estão todos os nossos amigos. Assim, é melhor procurar sites e programas que todos usam.
Terceiro: fuja das empresas que começarem a vender ações cedo demais. Os melhores empreendedores da internet são gananciosos. Eles sabem que têm nas mãos algo valioso, e não negociarão a divisão da participação patrimonial até se verem obrigados a fazê-lo.
Quarto: compre após a oferta pública inicial. Existe um inevitável ciclo de euforia e desapontamento antes que as empresas realmente fortes possam emergir. Certifique-se de comprar no momento da frustração.
O setor da tecnologia continua sendo a fonte das grandes fortunas da próxima década. Os investidores precisam apenas se certificar de tomarem cuidado onde pisam - pois, em meio às grandes oportunidades, há também algumas bombas a serem evitadas. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário