2010-06-16

Turbulências no mundo SAP – Fonte : TI Inside

A matéria não é nova, aliás o assunto ainda é a troca de comando e a estratégia de crescimento no SMB. Mas a desconfiança é a mesma que permeia todo mercado, as respostas mais ou menos são as mesmas também, uma entrevistas de boas perguntas, mas infelizmente as respostas não conseguiram mudar o sentimento de algo não está bem, ou que algo não está 100% alinhado nesta estratágia da SAP.

Reproduzo abaixo a matéria e a entrevista, trechos em vermelho são destaques que me saltaram aos olhos enquanto lia (nada além disto).

Boa leitiura e fiquem a vontade para comentar.

Abraço,

Dalbi

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Turbulências e saídas no mundo SAP – Fonte : TI Inside

Os números falam ou quase gritam contra, mesmo que o mercado avalie como atenuantes os efeitos da crise econômica mundial. Afinal, mesmo com lucro de 727 milhões de euros no 4º trimestre de 2009, a SAP registrou queda de 9% na receita obtida e aquele lucro é 12% menor que o mesmo período em 2008, o que gerou críticas de muitos acionistas e analistas.
Mesmo que a empresa projete crescimento entre 4% e 8% para 2010, a saída do CEO Leo Apotheker em fevereiro jogou mais lenha na fogueira da companhia alemã e resultou na volta do sistema de co-presidentes – abandonado há um ano com a ascensão de Apotheker. Os nomeados foram Bill McDermott e Jim Hagemann Snabe, que já ocupavam cargos executivos na empresa.

Pior, no mercado brasileiro os analistas continuam desconfiando da capacidade da empresa conseguir furar o bloqueio de descida da pirâmide, algo tentado há anos e fortificado continuamente, para acessar o rico e ainda repleto de oportunidades segmento das pequenas e médias empresas (PMEs). Uma área dominada pela Totvs e sua plêiade de marcas e sistemas.


Para falar sobre as questões de concorrência, estratégias e sobre as perspectivas da SAP conversamos com exclusividade com Cristina Palmaka, vice-presidente de vendas de PME da SAP Brasil. A executiva tratou de acalmar os críticos, falou na manutenção do ousado plano de investimentos e crescimento da empresa no Brasil – algo como triplicar de tamanho em cinco anos – e ressaltou que a mudança pode ter sido benéfica. Veja a seguir a nossa conversa.


TI Inside: O que muda com a co-gestão Bill McDermott e Jim Hagemann Snabe e a saída de Leo Apotheker do comando na SAP mundo e mesmo no Brasil?
Cristina Palmaka: A SAP tem um histórico de trabalhar com co-gestão, com essa divisão de poderes. Era assim antes do Apotheker. É um processo normal para a empresa, cada um tem sua responsabilidade prevista, sem maiores impactos. A ideia é beneficiar e trazer mais agilidade para os clientes. Para o Brasil, tivemos uma redução de um layer no processo interno, o que faz com que a nossa voz e a dos clientes fique mais próxima do comando.

TI Inside: Os investimentos previstos para o Brasil seguem inalterados?
Cristina:
Não mudou nada com a mudança de comando, o McDermott é o padrinho do nosso investimento no Brasil, e o plano foi aprovado pós-crise, em agosto ou setembro. Será melhor ainda, com menos um layer o plano de investimento anunciado permitirá que a SAP e o mercado local cresçam mais rápido que em outros países. Até por conta do momento econômico e do movimento de vivermos no futuro próximo a Copa e a Olimpíada. Além disso, o mercado tem amadurecido muito.

TI Inside: As metas de crescimento para a SAP local seguem inalteradas?
Cristina:
Sim, a SAP mundial quer duplicar seu tamanho em cinco anos, e no Brasil o objetivo é triplicar o faturamento. Só em infraestrutura estamos crescendo em 20% os investimentos.

TI Inside: Como o mercado está trabalhando o novo momento em 2010, depois de passados os efeitos mais graves da crise econômica?
Cristina:
Para a SAP, o 2009 foi muito complexo, principalmente o primeiro semestre, quando muitos investimentos foram adiados. Já o segundo semestre foi muito bom, especialmente o último trimestre. Um dos clientes disse que se soubesse que a crise seria tão branda teria investido ainda mais cedo. No geral, foi espetacular a força da reação e nos mostrou que 2010 iria começar muito bem.

TI Inside: Onde estão as oportunidades de negócios em 2010?
Cristina:
Nossos atuais clientes seguem investindo e outros novos, que tinham soluções caseiras ou limitadas, começam a investir em sistemas mais robustos. Alguns clientes que estavam em processo de maturação e que estavam em nosso radar há, talvez, três anos, estão prontos agora. Um setor muito interessante e que tem dado um grande avanço é o setor de varejo. Por algum tempo o ERP não era prioridade para eles. Agora, alguns grandes e médios varejistas começam a investir. E outros segmentos como agronegócios também tem evoluído, assim como as companhias de médio porte do setor farmacêutico.


TI Inside: A crise pode até ter influenciado positivamente nesse processo de amadurecimento?
Cristina:
Talvez...pode ser que sim. Talvez a crise tenha forçado a isto.

TI Inside: No segmento das PMEs, como está se dando o embate pelo mercado? Se fala em uma concentração muito grande da Totvs que tem domínio em diversos segmentos. Como a SAP vê essa concorrência local e como sair do, mais que falado, mercado do high end que estaria saturado há anos?
Cristina: Não são coisas excludentes, as grandes empresas ainda tem muitas oportunidades em outras soluções como BI, e existem oportunidades no high end naqueles que ainda não trabalham conosco, até mesmo em Governo e saúde.

TI Inside: E nas PMEs, como está sendo travado o embate com a Totvs?
Cristina: Continuamos avançando no segmento e a descida foi facilitada ao tornar o produto R/3 dentro da oferta Business All-in-One, mais parametrizada, com best practices, o que reduz o custo e a implementação. Esse é o grande diferencial da SAP. O importante para o cliente é ter uma base manipulável de dados, com dados que não serão corrompidos. O custo é mais acessível, e evoluímos em SaaS para outras empresas. Também temos melhorado a nossa oferta de financiamento e fechamos uma parceria local com a IBM Brasil (veja mais no Box: Big Blue com SAP). A oferta é mais do que o produto ou solução e chegamos ao mercado com canais, com nossa capilaridade.

TI Inside: Mas como os clientes locais podem ficar tranqüilizados quando a continuidade da política da empresa, de licenciamento e de desenvolvimento de produtos, depois de um ano não muito bom e com as mudanças recentes?
Cristina:
Estamos muito bem e fortes no mundo e temos ainda mais força na nossa realidade local, as perspectivas são muito fortes por aqui. Temos um grande direcionamento para o Brasil.

TI Inside: Alguns analistas de mercado comentam que a performance da empresa em 2009 pode ser um sintoma de esgotamento ou decadência, qual a sua avaliação?
Cristina:
Não vejo assim, muito pelo contrário, estamos em um momento de renovação. Com o crescimento de ofertas em SaaS, por exemplo, e o resultado foi até bom considerando o ano de crise econômica global que vivemos. A grande mudança é continuar próximo do cliente e se antecipar ao mercado. O nosso foco é no cliente, já trabalhei em várias indústrias e sei que a SAP toca o centro nervoso dos clientes e os auxilia. Acho que o Board acreditou que a melhor saída para o momento era voltar a co-gestão.

Big Blue com SAP
Visando o mercado das médias empresas, a IBM local fechou uma parceria com a SAP no final de janeiro último para a venda da solução SAP Business All-in-One, software de gestão integrada destinado ao segmento. A oferta completa, que envolve serviços, infraestrutura e financiamento, foi batizada de IBM Express Solution e se diferencia por conter soluções pré-configuradas com as melhores práticas de negócio para diversos setores de indústria, resultantes do conhecimento adquirido pela unidade de consultoria da IBM em projetos SAP ao redor do mundo.
“O IBM Express Solution permitirá ao médio empreendedor potencializar o seu negócio, maximizar recursos, padronizar e integrar com eficiência os seus processos, obtendo assim vantagem competitiva frente aos seus concorrentes”, afirma Aurélio Rodrigues, líder de consultoria da IBM Brasil para Multi-Industry. Com a parceria, a IBM amplia a oferta de seu portifólio para o segmento de médias empresas.
Com estímulo para o mercado, o Banco IBM disponibilizará uma linha de crédito para financiamento em até 60 meses que, de acordo com alguns critérios, permitirá ao cliente iniciar os pagamentos do investimento apenas depois de ter o sistema implementado. Cabe agora as duas empresas mostrar para as médias empresas que a união de dois nomes de peso não resulta, necessariamente, em peso também no bolso, uma tarefa complicada.

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente entrevista, perguntas muito bem estruturadas e respostas com certa transparência o importante foi a manutenção do foco em um mercado sensível como o de TI. Parabéns e continuem publicando com qualidade.